Abandono/Insucesso Escolar
O insucesso e abandono escolares tomaram-se um problema dos atuais sistemas de ensino. Não sendo novo, ele requer hoje uma reavaliação, devido às mudanças profundas que as sociedades têm vindo a registar, quer na socialização dos jovens quer nas exigências que estas fazem, cada vez mais, à participação destes em diferentes esferas sociais.
Em sociedades como a portuguesa, em que o sistema de ensino se universalizou mais tardiamente e em que o mercado de trabalho é pouco exigente em qualificações, a atração pelo trabalho juvenil constitui um fator de peso para o abandono escolar. Um estudo recentemente realizado, cujo objetivo consistia em analisar, numa área rural (onde as taxas de abandono são mais acentuadas), as determinantes sociais desse abandono, permitiu retirar algumas conclusões que ajudam a compreender o problema, a sua gravidade e dimensão.
Verificou-se que o perfil dos jovens que abandonam a escola evidencia uma pertença a famílias com baixas habilitações, baixos rendimentos e dificuldades económicas. Se estas dificuldades empurram os jovens, desejosos de autonomia financeira, para o mercado de trabalho, também a escola assume uma parte da responsabilidade no abandono precoce pela incapacidade que ela mostra de motivar e de desenvolver o interesse dos jovens pela educação e pela formação. A análise dos motivos que levam os jovens a abandonar a escola constitui, assim, o cerne deste artigo e assenta num modelo complexo que procura relacionar entre si as variáveis Escola, Família e Mercado de Trabalho, todas elas concorrentes na determinação do fenómeno.
O insucesso escolar caracteriza-se pela incapacidade de um aluno corresponder aos objetivos da escola em termos académicos.
Este fenómeno começou a manifestar-se a partir dos anos 60, quando se começou a exigir que as escolas, por razões económicas e de igualdade, encontrassem formas de garantir o sucesso escolar de todos os seus alunos. O que, até então, era atribuído ao foro individual tornou-se subitamente um problema de cariz social. A preguiça, a falta de capacidade ou interesse deixaram de ser aceites como explicação para o abandono escolar de crianças e jovens. E a culpa do seu insucesso passou a ser assumida como um fracasso de toda a comunidade escolar.
Manifestações
- Abandono da escola antes do fim do ensino obrigatório.
- Reprovações sucessivas, que dão lugar a grandes desníveis entre a idade cronológica do aluno e o nível escolar.
- Passagem dos alunos para tipos de ensino menos exigentes, que conduzem a aprendizagens profissionais imediatas.
Causas
Alunos:
- Atrasos no desenvolvimento cognitivo. As escalas psicométricas de inteligência são um bom indicador para identificar estas causas individuais de insucesso escolar. No entanto, a grande maioria dos alunos que falha nos resultados escolares tem um desenvolvimento normal.
- A instabilidade característica da adolescência leva muitas vezes o aluno a rejeitar a escola, a desinvestir no estudo e, frequentemente, à indisciplina.
Famílias:
- Pais autoritários, conflitos familiares, divórcios litigiosos fazem parte de um extenso rol de causas que podem levar a que o aluno se sinta rejeitado e comece a desinteressar-se pelo seu percurso escolar, adotando um comportamento indisciplinado.
- A origem social dos alunos tem sido a causa mais usada para justificar os piores resultados. Principalmente, quando são obtidos por alunos originários de famílias de baixos recursos económicos, onde aliás se encontra a maior percentagem de insucessos escolares.
Professores:
- Métodos de ensino e recursos didácticos inadequados às características da turma ou de cada aluno.
- A gestão da disciplina na sala de aula também condiciona bastante o rendimento escolar dos alunos.
- No início do ano, os professores criam expetativas positivas ou negativas sobre os alunos que acabam por influenciar o seu desempenho escolar.
- A avaliação é subjetiva e varia em função de uma multiplicidade de factores. O contexto escolar, os métodos de avaliação, as disciplinas, os professores, os critérios utilizados, o modo como estes são interpretados, etc.
Escolas:
- O estilo de liderança do diretor, presidente do conselho executivo, etc.
- Expetativas baixas dos professores e dos alunos em relação à escola.
- Clima de irresponsabilidade e de falta de trabalho.
- A deficiente orientação vocacional que muitos alunos revelam no ensino pós-obrigatório é agravada pela ausência de serviços de informação e orientação adequados nas escolas.
- O elevado número de alunos por escola e turma tende não apenas a provocar o aumento dos conflitos, mas sobretudo a diminuir o rendimento individual.
- A organização de turmas demasiado heterogéneas dificulta não só a gestão da aula pelo professor, mas também a coesão do grupo, traduzindo-se no aumento de conflitos internos.
A desmotivação aliada a um enorme desinteresse por parte dos alunos conduz, inevitavelmente, a uma inerente falta de estudo, falta de empenho na resolução das tarefas propostas e a dificuldade de concentração na sala de aula. Outro problema é a falta de conhecimentos que deveriam ter sido adquiridos em anos transatos, origina, por vezes, um atraso dos alunos, conduzindo-os, na maioria das vezes, ao insucesso escolar. Outro problema é a deficiente utilização de estratégias de ensino-aprendizagem por parte de alguns professores, que se limitam a debitar conteúdos em detrimento do saber-fazer, bem como as suas atitudes levam ao aparecimento de dificuldades em termos de aprendizagem nos alunos. Esta situação, aliada, na maioria das vezes, a turmas com um número elevado de alunos, contribui para uma crescente desmotivação dos jovens. Assim, se os alunos se sentirem 'agarrados' à escola, provavelmente sentir-se-ão mais motivados com uma maior auto-estima e mais predispostos a prosseguirem os estudos.
Tudo deverá ser feito de modo a possibilitar que os nossos jovens se sintam compensados no sistema de ensino.
Fontes: http://www.dosomething.pt/gca/index.php?id=142
http://km-stressnet.blogspot.pt/2007/10/abandono-escolar.html
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